SEGURANÇA PRIVADA
Passando por uma rua no bairro de
Moema/SP, observei a seguinte cena enfrente a prédio de classe média alta:
“Veículo de morador aproxima-se
da entrada da garagem e embica na calçada do condomínio. Imediatamente, um
funcionário de empresa de vigilância sai debaixo do ombrelone (cobertura que
parece grande guarda-sol) e aproxima-se do carro enquanto o motorista abre o
vidro, que possui película com tom bem escuro, que impede a visão do interior
do automóvel. Após reconhecer o morador, o vigilante patrimonial autoriza,
através de rádio transmissor, o porteiro a abrir o portão externo”.
Será que essa estratégia para
controlar o fluxo de autos em prédios é segura ou expõe os moradores a risco
desnecessário?
A intenção deste artigo é aprofundar
sobre esse polêmico tema.
O protocolo número 1, quando se
trata de analisar o trabalho de profissionais da área de segurança privada, é o
seguinte:
“Para proteger alguém, é preciso estar protegido”
Já de início, discuto a eficácia
de se manter vigilante na calçada do cliente. É de se lembrar, que esse
profissional não pode estar armado fora das cercanias do prédio. Entendo que o
vigilante fica totalmente exposto e desprotegido; além do que, é comum que
transeuntes solicitem informações sobre ruas e comércios locais, distraindo,
assim, sua atenção.
Outro ponto a ser criticado, é a
obrigação do morador ficar mais tempo que o necessário parado com o carro na
calçada do edifício. Partindo do princípio que a maioria dos carros utiliza
película que impede ou dificulta a visão do interior do automóvel, o morador é
obrigado a abrir o vidro e aguardar o reconhecimento visual feito pelo
funcionário externo.
Quanto tempo pode levar esse
procedimento?
Será que o vigilante tem
condições de gravar a fisionomia e nome de todos os moradores?
Se porventura o segurança tiver
dúvida em relação ao condutor, terá que solicitar seu nome e confirmar, via
rádio transmissor, com o porteiro na guarita.
E se o condutor for um ladrão e
souber nome completo e número de apartamento de algum morador que está
viajando. Como o vigilante confirmará esses dados?
Não poderia deixar de ventilar
outros problemas que podem acontecer:
-Em dias chuvosos, esse processo
de reconhecimento do morador demanda mais tempo que o normal
-Se a chuva for demasiadamente
forte, o vigilante externo precisará se abrigar no interior do prédio. Como
fica a triagem dos veículos nesse caso?
-O morador que possui automóvel
blindado, dificilmente aceitará abrir vidro para ser reconhecido pelo
vigilante, pois nesse espaço de tempo estará vulnerável a abordagem criminosa
por ladrões que estejam transitando pela localidade. É o que chamo de assalto
de oportunidade.
-É natural que o vigilante
precise ir ao banheiro durante expediente de trabalho. Como fica nesse período
o processo de liberação de autos de moradores?
-A experiência na área demonstra
que o vigilante externo, por vezes, acaba recebendo entregas para moradores na
calçada; assina o devido recibo e em seguida entra no condomínio para deixar a
mercadoria com o porteiro. Nesse período, se o morador chegar com o carro
ficará mais tempo que o necessário esperando o retorno do vigilante.
-A legislação prevê que o
funcionário tem direito a uma hora de almoço e jantar. Quem substitui o
vigilante nesses horários?
-Em caso de falta do funcionário
externo ou se passar mal durante o expediente de trabalho, a empresa de
vigilância tem que proporcionar imediatamente reposição do posto faltante. Como
esse funcionário fará a triagem se não conhece os moradores do prédio?
-Com esse tipo de estratégia não
se tem controle eletrônico que aponta dia e hora de entrada e saída dos
moradores com seus carros
CONCLUSÃO
O morador com seu veículo deve
entrar rapidamente na clausura de veículos, pois o tempo que ficar parado na
calçada aguardando a liberação do portão externo da garagem, estará exposto a
abordagem criminosa.
Portanto, sou contra a manutenção
de profissionais de segurança privada nas calçadas de prédios. Esses
funcionários teriam muito mais utilidade se realizassem o trabalho de
vigilância intra murus.
Por fim, não poderia deixar de
mencionar que já presenciei vigilante dormindo sentado na banqueta embaixo do
ombrelone, principalmente em horário noturno.
O mais curioso, é que muitos
condomínios compraram essa ideia de se manter vigilante externo, na calçada do
prédio, pois síndicos e moradores alegam a tal “sensação de segurança”.
Mas uma coisa é certa!
“Sensação de Segurança” não é
sinônimo de “Segurança Efetiva”.
Fonte de pesquisa: http://tudosobreseguranca.com.br/portal/index.php?option=com_content&task=view&id=1419
Matéria: Jorge Lordello –
Especialista em Segurança Pública e Privada, Pesquisador Criminal, Escritor
Criminal, Palestrante e Conferencista
Contato: jlordello@uol.com.br
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