"NÓS PROFISSIONAIS DE SEGURANÇA, NÃO QUEREMOS SER QUALIFICADOS E SIM OS MELHORES"

SUA PROTEÇÃO É A NOSSA PROFISSÃO

SUA PROTEÇÃO É A NOSSA PROFISSÃO

4 de ago. de 2009

PROFISSIONAL DA SEGURANÇA DOMINANDO A ESCURIDÃO

AÇÕES EM SITUAÇÕES DE BAIXA LUMINOSIDADE
Imagine você, um profissional da área de segurança durante uma ocorrência de roubo, com a informação confirmada de que há três marginais fortemente armados no interior daquele local. Pega sua arma, verifica se está carregada, checa a munição extra e ajusta o colete à prova de balas. Quando já está tudo pronto, você entra ali no local de olhos fechados! Absurdo? Então, tão estranho quanto atuar nesta situação, sem estar com os olhos abertos, é encarar esta mesma possibilidade à noite, sem o uso de um meio auxiliar. A sensação é praticamente a mesma. Dependendo da luminosidade no interior do ambiente, até a vista acostumar-se, o grau de visibilidade é praticamente nulo. Vamos ter que adentrar tateando as paredes, procurando não cair no chão nem tropeçar em algum objeto. Qualquer barulho, por menor que seja, irá chamar nossa atenção, muitas vezes para uma direção errada. E mesmo que tenhamos certeza que há alguém conosco, ali dentro, restará à dúvida: é um amigo ou um agressor? Muitos chamariam o assunto que vamos abordar simplesmente de “Tiro Noturno”, o que não é o mais adequado. A falta de luminosidade, logicamente, é mais sentida à noite. Entretanto, são várias as situações em que o profissional de segurança ou policial necessita atuar com pouca iluminação. Pode ser que ele tenha que adentrar, durante o período diurno, uma tubulação de esgoto, ou um porão ou sótão, atrás de um marginal. Uma construção como uma fábrica, um prédio ou até mesmo uma casa podem estar com que a iluminação no interior de determinado cômodo seja praticamente inexistente. Muitos barracos em favelas não possuem janelas por onde pode entrar a luz do sol. Ao realizar vistoria no interior de veículos como um caminhão-baú, por exemplo, também sentiremos dificuldade com a falta de luz. A atividade policial é necessária 24 horas por dia. No patrulhamento ostensivo das ruas não há “horários comerciais”, ou não se pode deixar de atender uma ocorrência às 03h00min da manhã. Pelo contrário, em determinadas áreas, os índices criminais crescem muito no horário compreendido entre as 18h00min e as 06h00min. O tráfico de drogas ocorre mais intensamente à noite, pois as pessoas agem no anonimato da escuridão, que facilita a compra ou a venda de drogas. O número de homicídios, principalmente na cidade de São Paulo, cresce muito nesse horário. Os seqüestros-relâmpagos acontecem freqüentemente entre 20h00min e 01h00min, principalmente em cruzamentos e próximo eletrônicos. Á noite, o simples ato de abordar um veículo para identificação ocupado por indivíduos em atitude suspeita é perigoso. Não dá visualizar corretamente quantas pessoas estão dentro do carro, ou se elas estão armadas ou não, ainda mais com o uso do insufilm. A vistoria dentro do veículo torna-se complicada. Até mesmo o ato de verificar os documentos dos ocupantes e do veículo fica difícil se não houver uma iluminação artificial, o sugerido é que peça para que o motorista acenda a luz interna do veículo. O ser humano capta as informações no mundo ao seu redor através dos cinco sentidos: visão, audição, tato, olfato e paladar. Através da percepção dessas informações a pessoa irá formular uma reação. Uma grande parte das informações que recebemos vem através da visão. O olho humano, ao contrário dos olhos de um grande número de animais, não trabalha muito bem em situações de baixa luminosidade. A retina que reveste grande parte do interior do olho tem sua metade posterior rica em células sensíveis á luz, denominadas cones e bastonetes, segundo sua forma, que enviam sinais luminosos ao cérebro através do nervo óptico. É graças aos bastonetes que percebemos a intensidade da luz. A pupila é o orifício que regula a quantidade de luz que entra no olho. Quando nos encontramos em um ambiente muito iluminado, podemos observar que a pupila se contrai o que diminui a entrada da luz. Ao contrário, quando passamos para um ambiente pouco iluminado, na penumbra, e observamos o olho de outra pessoa, notamos facilmente que a pupila se dilata, o que deixa entrar maior quantidade de luz. Esta é a razão para levarmos cerca de alguns minutos para adaptarmos nossa visão à penumbra quando saímos de um ambiente iluminado para um local em que haja baixa luminosidade. Mesmo assim, dependendo da quantidade de luz, veremos apenas vultos de pessoas ou objetos, sem poder identificá-los corretamente. O policial ou profissional de segurança enfrenta outras dificuldades ao atuar em situações de baixa luminosidade. O estado psicoemocional do ser humano normalmente torna-se alterado quando submetido a situações de risco. Quando ele se encontra nessas situações, em um ambiente escuro, a incapacidade de identificar a localização do perigo mais vulnerável, limitando sua capacidade de percepção e interpretação da realidade, conseqüentemente prejudicando também a capacidade de reação da pessoa. O policial ou profissional de segurança não atua em uma guerra. Para poder atirar ele deve ter plena certeza de quem é a pessoa que está a sua frente e se ela realmente representa uma ameaça à vida e a integridade física, sua ou de terceiros. Em uma situação de baixa luminosidade, não basta para o policial ou profissional de segurança apenas localizar o “o alvo”, mas deve identificá-lo corretamente. Existem alguns meios que podem ser utilizados pelo policial ou agente de segurança para atuar em condições de baixa luminosidade. Equipamentos de visão noturna são caros e têm sua utilização muito restrita, sejam eles ativos ou passivos. Na verdade óculos ou monóculo, presos à cabeça do policial, tiram sua visão periférica, sua capacidade de fazer visada com as armas e, em alguns casos, pelo seu tamanho e peso, tiram a mobilidade. As versões luneta são boas apenas para observação à distância ou para realizar-se um tiro de precisão, com baixa luminosidade, quando fixadas a determinados tipos de armas. Apontadores laser são muito bons para auxiliar na pontaria, mas não ajudam a visualizar o caminho que temos que percorrer ou a identificar as pessoas e saber se elas estão armadas ou não. Tudo o que vemos é um ponto vermelho em um vulto. As miras luminosas, geralmente de trítio, ajudam realmente na visada com as armas, especialmente armas curtas. Entretanto, cai no mesmo problema do laser, ou seja, não ajudam a visualizar o tipo de ameaça que estamos enfrentando. Chegamos então ao único recurso que podemos considerar como “pau para toda obra” em situações nas quais o policial e profissional de segurança precisa atuar em locais de baixa luminosidade a lanterna.
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Fonte: Revista Magnum out/nov 2001

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