SEGURANÇA ELETRÔNICA
O conceito de transformação
digital vem se tornando mais fácil de entender à medida em que a discussão
sobre este tema envolve mais e mais as diferentes esferas de negócio.
Um dos consensos que se
formam é de que este tipo de transformação não se explica pela simples
intensificação da automação de tarefas, tal como ocorre na computação
tradicional.
A verdadeira transformação
acontece quando um ou vários aspectos essenciais do negócio são efetivamente afetados
pela tecnologia digital.
Um exemplo claro do fenômeno
foi o surgimento dos modelos de computação em nuvem, cujas consequências se
desdobram em diversas novas formas de organização do ciclo de geração de valor
para as áreas de software, hardware e de aplicações.
A rápida evolução das novas
formas de entrega e de conexão de ferramentas e serviços empregadas pela
indústria de TI (tais como SaaS, PaaS, BYOD etc) nos permite avaliar o quão
velozes vão se tornando as ondas de transformaçã. Principalmente nesses últimos
cinco anos, quando o aprofundamento da mobilidade e da virtualização passou a
ser a tônica dominante.
Outro consenso que se forma
é o de entender o avanço da transformação digital, ao mesmo tempo, como causa e
consequência dos movimentos de disrupção que se mostram cada vez mais vigorosos
em todas as áreas de negócio.
A disrupção, não custa
lembrar, é uma nova classe de ameaça àquelas corporações “incumbentes”, cuja
liderança está muitas vezes consolidada ao longo de muitas décadas, bem como a
setores industriais inteiros, calcados na tradição. É o que aconteceu, há algum
tempo, com o outrora vigoroso segmento de listas telefônicas e catálogos
impressos de produtos dos quais hoje ninguém mais se lembra.
Uma característica recente
da disrupção é que esta nova ameaça não parte de um concorrente conhecido ou
presumível, com porte, experiência e estrutura. Ela surge no horizonte na forma
de iniciativas novas, tocadas por empreendedores entrantes, muitas vezes, até
então, estranhos àquele segmento de negócio.
Quando associada a um
processo de inovação avassaladora, a disrupção produz exemplos como o da
Airbnb, da Uber ou da Netflix, que chegam, de uma hora para outra, rompendo
paradigmas altamente consolidados e desfigurando completamente a visão que se
tinha até então de certo segmento da indústria.
Assim, é preciso que as
empresas tradicionais encarem a transformação digital a partir de uma dimensão
dupla. De um lado, é preciso que elas acompanhem os anseios de um tipo de
consumidor cada vez mais impaciente, mais conectado, mais infiel e mais ávidos
pela constante atualização de suas experiências no mundo digital.
Elas precisam se posicionar
um passo à frente da concorrência para obter e manter a adesão e o engajamento
do consumidor e não apenas a sua atenção passiva e persistente, como acontecia
até recentemente.
De outro lado, as grandes
empresas incumbentes precisam se proteger contra as novas invasões bárbaras,
representadas por startups altamente calcadas na estrutura digital e dispostas
e desafiar de maneira ousada e irreverente os conceitos de produção,
relacionamento, logística, formação de preço e geração de valor nos mais
diferentes setores.
Esses novos aventureiros
podem contar com o acesso abundante e barato a alta tecnologia e de design,
interconexão e processamento. Algo que há pouco tempo estava restrito àquelas
companhias de lastro financeiro mais robusto.
Tendo muito pouco a perder,
e precisando de pouco para se por em guerra, as startups inovadoras têm muito a
ganhar e dispõem de grande flexibilidade para a tentativa e erro ao criar novos
modelos de negócios a fim de desafiar os gigantes.
A indústria, de modo geral,
já percebeu esta conjuntura; e a Transformação Digital dos Negócios está
definitivamente na agenda da estratégia empresarial, embora sua adoção pelas
companhias ainda encontre as velhas barreiras da cultura e de certa visão conservadora
da TI.
Uma destas barreiras é, sem
dúvida, a permanente necessidade de contenção de custos e o foco na manutenção
dos dia a dia dos negócios. Algo que obriga o CIO e suas equipes a gastar quase
100% dos recursos em gestão da infraestrutura e dos processos já instaurados,
pouco sobrando de fôlego para se pensar – e agir – no avanço da digitalização
um passo à frente da demanda.
Ou seja, em grande parte dos
casos, o avanço ainda acontece de forma reativa aos novos contextos dinâmicos
do ambiente de negócio. Mas numa visão de conjunto podemos dizer que, pelo
menos, em muitas áreas, estas mudanças vêm ocorrendo e são mudanças abrangentes
e não simples automação de processos isolados.
Em meados de 2015, um
levantamento realizado pelo Global Center for Digital Business Transformation
(DBT Center), constatou que, em setores como hotelaria, mídia e varejo 50% das
empresas já veem como alto o risco de serem fortemente abaladas por processos
mais ou menos disruptivos nos próximos cinco anos.
Em tais nichos, as mais
proativas já se mexem para resistir (ou para aproveitar) a onda de
transformações dos negócios, como e o caso das redes de varejo que passaram a
assumir uma face virtual extremamente sintonizada com a sua face física.
É um jeito que estas redes encontram
hoje de equacionar um novo tipo de comportamento do consumidor conectado que os
marqueteiros do varejo batizaram de “showrooning”.
Ao invés de ir á loja física
adquirir seu produto, como vinha fazendo há séculos, o comprador (sempre munido
de smartphone) passou a visitar a loja física unicamente para conhecer o
produto de perto, e depois realizar a compra on-line, a partir de comparadores
de preço.
Para se salvar dessa
armadilha, os especialistas em varejo precisaram se reunir aos especialistas em
TI para descobrir formas de fazer com que o cliente da loja física pudesse ser
“fisgado” pela loja virtual da mesma rede (e vice-versa), de modo que a
experiência de visita ao PoS passassem a ser uma continuidade quase natural da
navegação no site e vice-versa.
Foi assim que surgiu a nova
tendência de varejo “omni-channel”, conforme descreveu o IDC Retail Insights.
Seja para reagir ou para
ameaçar, o uso correto da TI é essencial para que as empresas construam
sistemas de “hyperwareness”, capazes de sintonizá-las com as flutuações das
propensões da multidão (ou as movimentações da concorrência e do contexto de
negócios). Ao mesmo temo em que as permitam a conhecer intimamente o consumidor
individual para oferecer a ele uma experiência realmente atraente.
Abre-se assim uma
oportunidade nova para aquele profissional de TI que estiver apto ao diálogo
com os demais gestores do negócio, no sentido que ele aja como um incentivador
da Transformação Digital dos Negócios.
Uma grande vantagem a seu
favor é que todas estas formas de “awareness” (baseadas em analytics e em
sensores multicanais) introduzem na companhia uma massa de informações
mensuráveis sobre a performance do negócio como um todo e sobre cada uma das
táticas de negócio empregadas.
Ao lado disto, o homem de TI
conta hoje com facilidades adicionais de ferramentas para o desenvolvimento
ágil que contemplam a nova face bimodal da TI (garantindo um equilíbrio
interessante entre vertentes disruptivas e as exigências de compliance).
Em síntese, o que podemos
constatar é que a indústria global de TI vai fornecendo os instrumentos que já
estão propiciando processos contínuos e seguros de transformação digital de
negócios.
Fonte:
http://www.de-seguranca.com.br/a-transformacao-digital-como-protecao-ou-ataque/
Publicado em : 30/05/2016
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