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15 de fev. de 2010
ARMAS, QUEM TEM DEVE CUIDAR!
MATERIAL DE APOIO
A MUNUTENÇÃO PERÍÓDICA DAS ARMAS É FUNDAMENTAL PARA CONSERVAÇÃO E O BOM FUNCIONAMENTO, NO ENTANTO MUITOS PROPRIETÁRIOS AINDA NÃO SE CONSCIENTIZARAM DISSO
Nos últimos anos, em razão da onde de violência que se abateu, principalmente, sobre as grandes cidades do País, as armas estão cercadas de grande polêmica: de um lado os que defendem o desarmamento, como uma das formas de coibir os roubos, os homicídios, a criminalidade de forma geral e do outro o que não as vêem como um dos motivos de tanta insegurança e acham o desarmamento um absurdo. Discussões à parte elas existem e precisam ser cuidadas.
Desde que as armas portáteis começaram a ser utilizadas, por volta do século XIV, o princípio continua sendo o mesmo, isto é, o lançamento de um projétil se valendo da pólvora. Mas no final do século XIX e no início do século XX, os armamentos sofreram grande evolução, em decorrência das guerras que ocorreram. A parir de então surgiram vários modelos e calibres diferentes.
Quanto à finalidade de uso se dividem basicamente em armas de defesa, de caça e para esportes. No Brasil, segundo especialista Alencar Franco, diretor comercial da Alterama Armas e Munições, o consumo maior é de armas de defesa e os modelos mais comercializados são os revólveres. 38 pistolas de calibre .380.É bom lembrar que as armas civis permitidas por lei são: revólveres calibre .22,.32,.38; pistolas semi-automáticas .22,.65.35.(.25) e .380, exceto as do tipo paralelo ou com cano superior a 15 cm; carabinas .22,.32-20,.38 e .44-20; garruchas .22,.320,.380 e as espingardas .12,.16,.20,.24,.28 e .32, .36 e .40.
No Estado de São Paulo, de acordo com dados do Departamento de Identificação de Registros Diversos (DIRD, órgão da Secretaria de Segurança Pública, existem 500 mil armas regularizadas e cerca de um milhão que ainda precisam ser. Desta, quantas estão recebendo a devida manutenção? Esta é uma pergunta que precisa ser respondida, pois a falta de cuidados pode levar ao não funcionamento e isso colocar em risco a vida do usuário. “Costumo comparar a importância da manutenção das armas às das aeronaves, pois tem que ser preventiva. Da mesma forma que não se deve descobrir que um avião não voa estando lá em cima, quem porta uma arma precisa detectar possíveis falhas antes e não no momento exato da utilização”, afirmou Franco, que também é especialista em manutenção de armamentos.
Grande parte dos que adquirem uma arma, órgãos de segurança pública ou privada não dão o devido valor à manutenção, se for de uso de particular compra e guarda no fundo da gaveta, se profissional de segurança pública ou privada deixa no coldre e somente passa de mão em mão, mesmo tendo conhecimento de sua necessidade, pois normalmente são avisados pelos vendedores, e, no manual que a acompanha também é mencionado à manutenção.
Existem cinco tipos diferentes de manutenção: primeiro, segundo, terceiro, quarto e quinto escalões. A de primeiro escalão é feita em casa ou no trabalho pelo proprietário. Trata-se de uma limpeza, na qual não é necessário ferramentas, apenas alguns instrumentos para facilitar a retirada das sujidades, como escovas, pincéis, flanelas e um produto limpante?lubrificante. Sua periodicidade conforme explicou o diretor da Alterama, depende muito do discernimento do proprietário em perceber suas condições, mas convém uma limpeza superficial antes e depois do uso, e este não está associado apenas ao atirar, mas também ao porte.
Segundo o especialista Franco, é importante analisar se a arma foi portada durante todo o dia, se tomou chuva, se usuário transpirou, se sofreu ação de poeira e umidade. Quando é utilizada em disparo a limpeza deve ocorrer sempre e de forma mais apurada, envolvendo e escovação e a retirada de partículas. Agora, se não existe o porte diário é aconselhável que faça a verificação de seu estado pelo menos uma vez por semana. O especialista reforçou que é essencial o usuário conhecer o seu equipamento para saber quando está agredido por sujeira ou outro agente.
A área de limpeza e manutenção vem evoluindo nos últimos anos, de acordo com Franco, “hoje existem produtos que não afetam o armamento.” Mas muitos ainda incorrem no erro de adquirirem certas substâncias como o desingripante, um derivado de petróleo, que amolece peças emperradas, no entanto, seu poder de penetração tira o torque de aperto de parafusos e pinos, o que facilita suas perdas. Há ainda uma série de absurdos, de acordo com o relato do especialista, como, por exemplo, a “lubrificação” de armas com óleo de cozinha, banha de galinha, graxas, grafite e solventes.
Quando estão agredidas por corrosão, muitos, segundo Franco, recorrem a produtos vendidos em supermercados que removem corrosão, mas como são a base de ácido, acabam danificando a arma.
Já a manutenção de segundo escalão só deve ser feira por pessoas que conhecem armamentos, em oficinas credenciadas, uma vez que o armeiro irá fazer a desmontagem do mecanismo, interferindo no funcionamento da arma, para uma limpeza minuciosa, se não souber realmente o que está fazendo poderá causar danos ao equipamento. A periodicidade para este tipo de manutenção, quando utilizada para disparo,é, aproximadamente, a cada 2.500 disparos. Não sendo aplicada para esta finalidade, a manutenção de segundo escalão deverá ocorrer, pelo menos, de dois em dois anos, segundo informou Franco. Ma o proprietário percebendo algum dano, agressão por corrosão, umidade ou fungo deverá providenciá-la o mais breve possível, independente do período recomendado.
A de terceiro escalão também deve ser efetuado por um armeiro, pois há o desmonte completo da arma e se faz a reposição de peças danificadas. Na de quarto escalão, além da reposição é feita a recuperação de peças e o profissional decide quais precisam passar por este processo, incluindo deposição de material e posterior usinagem ou, se for o caso, apenas ajuste. A de quinto ocorre quando não há mais peças de reposição no mercado e o armeiro terá que confeccioná-las. Quanto à freqüência, como se tratam de manutenções corretivas e não mais preventivas, como as de primeiro e segundo escalões, cabem ao proprietário ou profissional de segurança ficar atento às suas necessidades.
Segundo explicou Franco, no Brasil, não existe escolas de armeiros, como nos Estados Unidos, Espanha, Bélgica e outros países, mas é necessário que o profissional prove sua capacidade, inclusive existe um documento expedido pelo Ministério do Exército e posteriormente pela Polícia Federal e Civil que o habilita a exercer suas funções. Normalmente iniciam nesta atividade como curiosos em oficinas, depois fazem cursos em fábricas de armas, para se aperfeiçoarem e conhecerem o processo fabril. “A profissão de armeiro é a união de vários ramos da mecânica, pois um bom profissional deve ter conhecimentos em torno e fresa plainas e outros maquinários”, ressaltou o especialista, que prosseguiu: “não é só gostar de armas que conta, tem que ter um pendor, uma habilidade mecânica.”
PRECAUÇÕES:
De forma geral, na opinião do especialista, as armas no Brasil não são bem tratadas, ainda falta muito para os proprietários com exceção dos colecionadores, que têm nos cuidado um hobby dar a atenção necessária e recomendada, “Quem compra uma arma para suprir a falta de segurança ou possui profissionalmente para dar proteção, a adquire em um momento que está inseguro, a guarda, se sente mais confortável e seguro e esta sensação de paz faz com que acabe esquecendo-se de cuidar de seu bem. Quando precisar pode ser que não funcione”, lembrou Franco.
Além das manutenções, os proprietários devem ficar atentos no que se refere à oxidação natural, que é uma agressão por corrosão. Para evitá-la devem manter um filme de óleo em sua superfície. Já a oxidação química, processo que deixa arma preta, garante maior proteção.
O acondicionamento da arma é outro item importante. Sempre deve ser guardada em local que não retém umidade. Os sacos plásticos, utilizados por muitos, não é o local mais indicado, mas também não chega a ser impróprio. “Quando saco é fechado, matem umidade, por isso é necessário lubrificar a arma e remover o excesso de ar da embalagem”, alertou o especialista. O mais correto é guardá-la em uma caixa apropriada, disponível no mercado, na qual fica envolta a espumas. Já para os que acondiciona em caixas de papelão, o especialista adverte que a substituição deve ser freqüente para evitar que o papel retenha umidade e a transfira para o armamento. As empresa de segurança privada em postos de trabalho fixo geralmente deixam as suas armas condicionadas em caixa metálicas fixadas em pontos estratégicos o qual somente a vigilância tem acesso.
A arma também pode ser guardada no coldre, no entanto, o usuário deve verificar qual é o tipo deste material. O especialista explicou que é recomendado os que utilizam o processo vegetal, na qual não são utilizados ácidos, pois caso contenha esta substância poderá ser transferida para a arma e agredi-la. “O tipo de curtimento é o primeiro ponto a se analisar para se o coldre de é bom”. frisou o especialista, que ainda comentou: “o coldre além de ser um objeto de acondicionamento, também protege a arma. Há vários tipos para aplicações diferentes, como o de perna, o de cintura para uso interno e externo, o subaxilar e outros”.
Outra dica importante de Franco é guardar a arma que tem em casa sempre travada por um cadeado, o que limita a movimentação de seu mecanismo. Existem cadeados para todos os modelos e basta colocá-lo na parte posterior do gatilho, com isso não será utilizada por quem não detém a chave, evitando o risco de acidentes indesejados.
No que se refere ao tempo de danificação de uma arma, quando não recebe os cuidados necessários, o especialista disse ser bastante relativo, pois está vinculado ao tipo de agressão que sofre. Mencionou que caso o usuário transpire muito ou tenha uma taxa alta de ácido úrico, com certeza vai haver uma reação rápida com o carbono da arma e uma camada de corrosão poderá surgir dentro de uns 15 dias, mas o emperramento do mecanismo demora mais. “Se o proprietário não a porta constantemente, mas quando o faz a guarda úmida, o emperramento vai ocorrer, apesar de ser difícil presumir o tempo”, salientou.
Sempre que houver dúvidas de como proceder na manutenção de primeiro escalão ou em algum outro cuidado com a arma, o especialista aconselha que o proprietário em contato com o fabricante, procure a rede assistência técnica ou um armeiro de confiança para esclarecê-lo e assim ter sua arma nas melhores condições, no caso de empresas de segurança privada solicitar ao supervisor de plantão a manutenção a cada 2 anos, no caso da segurança pública esta manutenção é feita pelos próprios armeiros da corporação. O especialista também indica que a arma seja testada, ou seja, disparada a cada seis meses, para isso o proprietário deve procurar um clube de tiro. Nunca realizar disparos aleatórios em placas de trânsito, fundo do quintal ou em estradas, pois além de perigoso se trata de uma infração prevista em lei. “Comprar uma arma e esquecê-la no fundo de uma gaveta é um grande erro, quem se propõe a ter um armamento deve ter a consciência de que precisa cuidar”, ressaltou o especialista.
MANUTENÇÃO DE PRIMEIRO ESCALÃO
Para a manutenção de primeiro escalão, a que é feita em casa ou no trabalho pelo proprietário, depois da arma ser disparada ou quando necessita de uma limpeza mais completa, é necessário um kit, que pode ser adquirido em loja especializada, que contém um estojo, também utilizado como bandeja, um produto limpante/lubrificante, três escovas tubulares: de aço, crina e algodão, uma escova de aço de cerdas laterais, um pincel e uma flanela.
A segurança é outro ponto imprescindível para a manutenção, portanto, é necessário verificar se a arma não está carregada, caso esteja deve descarregá-la, em local adequado, sem a presença de outras pessoas, pois caso dispare, o projétil não vai atingir ninguém.
Vale lembrar que nos órgãos de segurança pública e empresas de segurança privada já possuem uma pessoa especializada para tal serviço que é o armeiro, por isto não tente fazer a manutenção sem conhecimentos técnicos.
No caso dos revólveres não é necessário desmontá-lo para fazer a limpeza, portanto, basta seguir os seguintes procedimentos.
1. - Coloque o revólver dentro do estojo/bandeja e despeje o produto limpante/lubrificante até que a arma fique submersa e aguarde por 10 minutos, tempo suficiente para que os resíduos amoleçam.
2. - Após este período, passe a escova de aço tubular nas câmaras e no cano, no qual terá que passar de forma solta, para isso basta empurrá-la no sentido que acompanhe o raiamento da arma. Na retirada do cano a escova deve sair no sentido contrário que entrou. Esta escovação deve ser feita no máximo cinco vezes.
3. -Depois passe a escova de crina de aço lateral para escovar a frente do tambor e a parte interna e externa da armação.
4. -Continuando o processo utilize o pincel como se estivesse lavando a arma. Terminada a escovação deixe a arma em uma posição que escorra o excesso da solução.
5. - Enxugue com uma flanela limpa ou um tecido de algodão que não solte fiapos e por fim passe a escova tubular de algodão nas câmaras e no cano, para que não fique vestígios de lubrificante, o que pode agredir a munição.
No caso das pistolas as etapas de manutenção de primeiro escalão são as mesmas, a única diferença é que é necessário desmontá-las, para isso basta pressionar o retém do carregador, o que possibilita sua remoção. Em seguida pressione o retém da alavanca de desmontagem e depois realize um movimento de 90º na peça e puxe o conjunto do ferrolho para frente. Retire a armação, a mola recuperadora, sua guia e o cano. Todas estas partes deverão ser escovadas individualmente.
As sobras do limpante/lubrificante podem ser reaproveitadas em uma próxima manutenção.
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Fonte: Revista SECURITY
Matéria: Alencar Franco – Diretor Comercial da Alterama Armas e Munições
Matéria publicada: http://segurancaprivadadobrasil.blogspot.com/
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